A ideologia que não é fantasma: Do Pau-Brasil ao chip, um ciclo de poder.
Prólogo
O "Axessuado político", de acordo com a psicanálise, é o herdeiro de uma ideologia autocrática, conservadora e autoritária. É a encarnação da lógica colonial portuguesa mais retrógrada, que se enraizou e sobreviveu no Brasil, adaptando-se e prosperando em todas as épocas. Não é um fantasma do passado, mas uma força viva que se esconde sob a máscara da negação e da indiferença. Este artigo busca desvendar essa figura, expondo suas raízes históricas e a sua adaptação letal para a era digital.
O Culto à Negação: A Máscara do "Axessuado"
A Simbiose com o Autoritarismo
A ideologia do "Axessuado" se baseia em uma simbiose com o autoritarismo. Ele despreza a democracia e suas instituições, vendo-as como obstáculos à "ordem natural" que, em seu imaginário, é a única forma de progresso.
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Ele se alimenta de figuras de autoridade que prometem restaurar um passado idealizado e purificar a sociedade das "impurezas" que, em sua visão, a corromperam. Essa busca por um líder messiânico se manifesta na era digital através de teorias da conspiração, desinformação e fake news, que servem para minar a confiança nas instituições democráticas e consolidar o poder de sua própria visão de mundo.
Um Ciclo que se Reinventa
Sendo assim, O "Axessuado Político" e seu descendente, o "Pobre de Direita", não são apenas figuras contemporâneas; são o resultado de um ciclo de poder que se reinventa. O que outrora foi a exploração do pau-brasil e do ouro colonial, hoje é a exploração das riquezas minerais para a produção de chips e a coleta de dados. A mentalidade que moveu a subserviência à Coroa portuguesa é a mesma que, hoje, se curva à lógica neoliberal, disseminando o ódio e a desinformação. O "Pobre de Direita", ao personificar o novo agente da disseminação desse ciclo, age como se fosse livre, mas se torna um escravo ideológico, perpetuando o ciclo de exploração e desigualdade que transcende as gerações. O projeto de poder que se enraizou no Brasil, de um autoritarismo submisso, se mantém vivo e letal na era digital.
Referências
SOUZA, Jessé. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.
EMPOLI, Giuliano da. Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar as eleições. São Paulo: Vestígio, 2020.
CAMPOS MELLO, Patrícia. A máquina do ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
NICOLAU, Jairo. O Brasil dobrou à direita: uma radiografia da eleição de Bolsonaro em 2018. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
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