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​ ​O Axessuado Político: O paradoxo da negação na era digital.

O Axessuado Político: O paradoxo da negação na era digital

A ideologia que não é fantasma: Do Pau-Brasil ao chip, um ciclo de poder.

Prólogo

​O "Axessuado político", de acordo com a psicanálise, é o herdeiro de uma ideologia autocrática, conservadora e autoritária. É a encarnação da lógica colonial portuguesa mais retrógrada, que se enraizou e sobreviveu no Brasil, adaptando-se e prosperando em todas as épocas. Não é um fantasma do passado, mas uma força viva que se esconde sob a máscara da negação e da indiferença. Este artigo busca desvendar essa figura, expondo suas raízes históricas e a sua adaptação letal para a era digital.

​O Culto à Negação: A Máscara do "Axessuado"

O Axessuado Político usando laptop com "FAKE NEWS", ao lado de barras de ouro, com fundo tecnológico e frase crítica sobre sistema político retrógrado e a direita pobre.

Político — bastardo ideológico gerado pelo Sistema Retrógrado Colonial, que perpetua desigualdades e alimenta o fenômeno social do pobre de direita. A composição visual denuncia a engrenagem da desinformação, onde símbolos de poder e estética digital revelam como o atraso se recicla em ouro, algoritmos e falsas promessas de sociais.

O "Axessuado Político" é um paradoxo ambulante. Ele nega a política, se declara alheio a ela, mas age como um militante fervoroso. Sua principal arma é a negação de que ele é parte de um projeto de poder. Ele desdenha o debate público, rotulando-o como "briga", e se isola em sua falsa neutralidade. No entanto, sua aparente passividade é a mais ativa das militâncias. Ele é o descendente direto da lógica colonial que sempre buscou o controle e a exploração, disfarçando-se em uma suposta ordem moral e religiosa. Ele é o escravo de uma ideologia que o aprisiona, mas ele se percebe como livre.

​A Simbiose com o Autoritarismo

​A ideologia do "Axessuado" se baseia em uma simbiose com o autoritarismo. Ele despreza a democracia e suas instituições, vendo-as como obstáculos à "ordem natural" que, em seu imaginário, é a única forma de progresso. 

Leia também: O Pobre de Espírito: Desvendando a Mentalidade Além da Renda

Ele se alimenta de figuras de autoridade que prometem restaurar um passado idealizado e purificar a sociedade das "impurezas" que, em sua visão, a corromperam. Essa busca por um líder messiânico se manifesta na era digital através de teorias da conspiração, desinformação e fake news, que servem para minar a confiança nas instituições democráticas e consolidar o poder de sua própria visão de mundo.

Um Ciclo que se Reinventa

​Sendo assim, O "Axessuado Político" e seu descendente, o "Pobre de Direita", não são apenas figuras contemporâneas; são o resultado de um ciclo de poder que se reinventa. O que outrora foi a exploração do pau-brasil e do ouro colonial, hoje é a exploração das riquezas minerais para a produção de chips e a coleta de dados. A mentalidade que moveu a subserviência à Coroa portuguesa é a mesma que, hoje, se curva à lógica neoliberal, disseminando o ódio e a desinformação. O "Pobre de Direita", ao personificar o novo agente da disseminação desse ciclo, age como se fosse livre, mas se torna um escravo ideológico, perpetuando o ciclo de exploração e desigualdade que transcende as gerações. O projeto de poder que se enraizou no Brasil, de um autoritarismo submisso, se mantém vivo e letal na era digital.


Referências

​SOUZA, Jessé. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.

​EMPOLI, Giuliano da. Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar as eleições. São Paulo: Vestígio, 2020.

​CAMPOS MELLO, Patrícia. A máquina do ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

​SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

​NICOLAU, Jairo. O Brasil dobrou à direita: uma radiografia da eleição de Bolsonaro em 2018. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

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